O Gerenciamento de Riscos – Conceitos
Todo projeto contém uma série de riscos, que potencialmente afetam (positiva ou negativamente) os objetivos do Projeto, tais como Escopo, Prazo, Custo e Qualidade. Apesar de habitualmente eu ter muito cuidado com termos superlativos (maior, menor, melhor, sempre, nunca…), ouso afirmar que o Gerenciamento de Riscos é uma das principais vertentes do Gerenciamento de Projetos.
A importância do Gerenciamento de Riscos
Segundo o PMI, as áreas de conhecimento do Gerenciamento de Projetos são dez: Integração, Escopo, Tempo (Prazo), Custo, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicação, Risco, Aquisições (bens e serviços), Partes Interessadas (stakeholders). Identifico o Risco como uma das principais áreas devido à forte interface com todas as demais áreas de conhecimento e aos efeitos que os riscos podem ter sobre o resultado do projeto.
O próprio PMI reconhece esta importância, na medida em que, das certificações especificamente relacionadas com as áreas de conhecimento, só há duas: RMP (Risk Management Professional) e SP (Scheduling Professional), e a procura pelo credenciamento como RMP é significativamente maior do que para SP.
Os processos que compõem esta Área de Conhecimento são:
- Planejar o Gerenciamento de Riscos
- Identificar riscos
- Realizar Análise Qualitativa dos Riscos
- Realizar Análise Quantitativa dos Riscos
- Planejar as Respostas aos Riscos
- Controlar os Riscos
Evidentemente não iremos esgotar o assunto em apenas um artigo, porém iremos ao longo das próximas semanas abordar de forma mais abrangente todos estes processos. Para ser notificado das novas publicações, cadastre-se no Blogtek, aqui, no topo da página, à direita. Seu e-mail NÃO será utilizado por terceiros, e você passará a ser notificado a cada novo artigo.
Gerenciamento de Riscos: Planejar
Peculiaridades dos Riscos:
Há que saber que existem riscos conhecidos, e desconhecidos, e acerca deste assunto podemos fazer uma referência a uma colocação do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, durante o mandato do Presidente Gerald Ford, e depois no mandato do Presidente George Bush. Nestas duas ocasiões ele foi, respectivamente, o mais jovem e o mais velho Secretário de Defesa norte-americano.
There are known knowns; there are things we know that we know.
There are known unknowns; that is to say, there are things that we now know we don’t know.
But there are also unknown unknowns – there are things we do not know we don’t know.
Segue a tradução, onde mantenho no original apenas os termos destacados, por serem assim usualmente empregados em Gerenciamento de Riscos:
Há os known knowns; são as coisas que sabemos que sabemos.
Há os known unknowns; ou seja, são as coisas que agora sabemos que não sabemos.
Mas há também os unknown unknowns – são coisas que nós não sabemos que não sabemos.
Esta citação ficou tão intrinsecamente ligada a Rumsfeld que a sua autobiografia tem por título: “Known and Unknown: A Memoir” (Known e Unknown: Memórias).
Apesar de hoje consagrada e tratada com maior seriedade, na época esta citação recebeu o Prêmio Foot in Mouth (literalmente “Pé na Boca”) dado a citações desconcertantes de celebridades. Outros contemplados deste prêmio ao longo dos anos foram Naomi Campbell (Adoro a Inglaterra, principalmente a comida. Não há nada melhor que um belo prato de macarrão) e, claro, George Bush (Eu sei no que acredito. Vou continuar articulando aquilo em que acredito, e aquilo em que acredito – eu acredito que aquilo em que acredito é certo).
A citação de Rumsfeld foi proferida após a guerra do Iraque, justificando não se haver encontrado as propaladas armas químicas que motivaram a guerra. Na ocasião, foi exemplificado:
Known knowns: que o Iraque apoiava ações terroristas (isto nós sabemos que sabemos).
Known unknowns: a extensão do envolvimento do Iraque (agora sabemos que o Iraque não teve envolvimento direto com o 11/setembro; naquela época não sabíamos)
Unknown unknowns: a forma de guerrear hoje, dentro da lógica terrorista, busca se valer daquilo que o inimigo desconhece desconhecer (ou seja, sequer imagina que possa existir)
A estas, foi acrescentada posteriormente, os Unknown Knowns: as coisas que nós não sabemos (ou agimos como) que sabemos; por exemplo, a Alta Administração americana sabia que não havia armas químicas no Iraque.
Em um projeto na área de petróleo, por exemplo, temos como riscos:
Known knowns: sabemos que haverá mudanças no escopo, alterações de projeto, pleitos de contratadas. Não sabemos quando, em que magnitude, mas são riscos que sabemos que irão ocorrer, e por isso, devemos avaliar qualitativamente, e possivelmente quantitativamente.
Known unknowns: o EVTE (Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica) de um projeto considera uma projeção de preços de petróleo e derivados ao longo dos próximos 25 anos. Construímos diversos cenários, inclusive de Robustez (condições desfavoráveis), mas a nossa curva de projeção pode ser bruscamente alterada por uma guerra, por exemplo. Devemos aumentar a abrangência de análise, envolver outras áreas de expertise para tentar vislumbrar alguns destes riscos.
Unknown unknowns: imaginemos, hipoteticamente, que uma super-bactéria assimiladora de hidrocarbonetos encontre nos grandes reservatórios de petróleo do mundo ambiente propício para se desenvolver, e se multiplicar descontroladamente e destruir a possibilidade de uso de combustíveis fósseis. Evidentemente, este é um risco que não pode ser gerenciado, e portanto, não deve ser considerado em nossa Análise de Risco. Obviamente, este é um exemplo extremo, mas serve para ilustrar a necessidade de estabelecer um limite na identificação de riscos.
Gerenciamento de riscos: a subjetividade do risco
O tratamento de riscos tem em si uma boa dose de subjetividade, porque nem todas as pessoas e organizações reagem da mesma forma ao risco. Um conceito que já foi utilizado aqui, em Árvore de Decisão, é o conceito de Esperança Matemática. Dentro deste conceito, vamos analisar a seguinte situação:
Um investidor pode aplicar R$ 1.000,00 em uma aplicação segura, que irá lhe render certamente 7% em um determinado período de tempo (R$ 70,00);
Ou pode aplicar em um mercado volátil, como o de ações, onde tem 80% de probabilidade de renda de 15% no mesmo período de tempo, mas 20% de probabilidade de perder 10%, portanto a esperança matemática de ganho seria de 80% x R$150,00 – 20% x R$100 = R$120 – R$20 = R$100.
Baseado unicamente na esperança matemática, a escolha óbvia seria a segunda, de aplicar no mercado de ações, porém se o investidor tiver profunda aversão ao risco, ele irá preferir a primeira opção.
Uma mesma pessoa pode ter comportamentos distintos frente ao risco, considerando os montantes envolvidos. Muito possivelmente, este investidor teria escolhas diferentes caso estivesse investindo apenas R$ 100,00, ou, R$ 1.000.000,00.
O conceito que melhor explica este comportamento, ao invés da Esperança Matemática, é o de Utilidade Esperada. Talvez muitos de nós, nas condições de classe média, fizéssemos a segunda escolha (mercado de ações) em um investimento da ordem de grandeza de R$1.000,00 (tipo, se eu perder, perco R$ 100,00, é só um jantar com a esposa), mas talvez não fizéssemos a mesma escolha em se tratando de um investimento de R$1.000.000,00 (tipo, se eu perder, perco R$ 100.000,00, uau, isto é um carro de luxo do ano!). Já para Eike Batista…
Pessoas e organizações são classificadas conforme avessas ao risco, indiferentes ao risco, e propensas ao risco.
Classificação da aversão ao risco:
Para esta classificação, levamos em conta não o valor monetário, mas a utilidade deste valor monetário para a pessoa ou organização (o que podemos fazer com este dinheiro, jantar com a esposa, ou um carro importado). Os gráficos abaixo tem no eixo-x o Risco, e no eixo-y a Utilidade.
Avesso ao risco:
O aumento do risco não tem um correspondente aumento da utilidade (ou seja, meu medo de perder é maior que o prazer de ganhar):
Indiferente ao risco:
A utilidade do ganho é proporcional ao risco:
Propenso ao risco:
Vale a pena correr o risco, porque a utilidade do que vou ganhar vale a pena o risco (com o que vou ganhar, faço minha independência financeira, por exemplo):
Apresentadores de TV, tais como Sílvio Santos, Luciano Hulk, e outros, são exímios interpretadores da função Utilidade para os participantes de seus programas. Se você assistir de forma analítica estes programas, verá que para aqueles para os quais uma determinada quantia é a realização de seus sonhos, a superação das dificuldades, este se arriscam bem mais (tipicamente, se você sair agora, você já leva R$5.000. Se você tentar a próxima etapa, se vencer leva R$10.000,00, mas perder leva só R$1.000…)
Para iniciar o Gerenciamento de Riscos
Você consegue visualizar os known knowns, e consegue imaginar alguns known unknowns? Certamente, você não consegue ter toda a abrangência necessária, por isso, o Gerenciamento de Riscos certamente envolverá uma equipe multifuncional
Você conhece a sensibilidade ao risco de sua empresa, relativamente ao seu projeto?
Breve daremos continuidade. Não esqueça, cadastre-se no Blogtek!
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