Metodologia para a Tomada de Decisões – parte 1 – AHP
Muitas de nossas atividades cotidianas estão ligadas ao processo de tomada de decisão. Em muitos casos, são decisões simples, que podem ser tomadas com base no bom senso, experiência e conhecimento. Porém, diversas decisões que envolvem altas somas de dinheiro e prazos longos, devem ser decisões estruturadas, ou seja, além de serem tomadas em conjunto, requerem ferramentas para eliminar qualquer viés de parcialidade. Um destes métodos é o AHP – Analytic Hierarchy Process.
Há alguns métodos para nos auxiliar no processo de tomada de decisão. Um destes processos é a chamada Árvore de Decisão, quando temos que tomar uma decisão em um cenário de incertezas futuras, e temos que avaliar as probabilidades e impactos nas possíveis decisões. Este método será abordado em um futuro post. Para ser avisado da publicação deste post, cadastre seu e-mail no topo do blog, à direita. Seu e-mail não será utilizado para fins comerciais nem cedido a terceiros.
Um processo de tomada de decisão que permite comparar aspectos quantitativos e qualitativos de cada alternativa é o chamado AHP (Analytic Hierarchy Process), o qual iremos abordar neste artigo.
O método AHP – Introdução:
O método foi desenvolvido pelo Dr. Thomas L. Saaty, um matemático de origem iraquiana, professor da Universidade de Pittsburgh, e desenvolveu o método AHP, o qual por vezes é denominado Método Saaty, nos idos de 1980. Tem como característica fundamental a possibilidade de comparar atributos quantitativos e qualitativos de cada decisão, de forma comparativa, e estabelecer prioridades e ponderações que levam à melhor decisão, com base nos critérios pré-estabelecidos. A figura a seguir ilustra de forma resumida o método:
O método AHP tem sido utilizado para diferentes fins, tais como:
- Escolha de estratégia de marketing para um produto
- Definição de projetos
- Estratégia de Contratação
Particularmente, no último exemplo, referente à Contratação, este método tem sido largamente utilizado nos Estados Unidos, onde o processo licitatório é completamente diferente do Brasil, particularmente em instâncias públicas. Como o menor preço não é determinante, as empresas definem os critérios, relativizam (priorizam) entre si os critérios, e fazem a análise de cada alternativa à luz dos critérios estabelecidos.
O método AHP – Exemplo Prático – Priorização dos Projetos segundo os critérios
A melhor forma de entendermos a metodologia AHP é acompanharmos um caso prático:
A empresa XPTO deseja ampliar seu parque industrial com uma nova unidade de processo, e há três possíveis projetos em análise: Projeto 1, Projeto 2 e Projeto 3.
Os aspectos a serem considerados são: Sustentabilidade, Contribuição para a Marca, Conteúdo Local e VPL (Valor Presente Líquido).
O critério de Sustentabilidade avalia o impacto do projeto no meio-ambiente, a possibilidade de geração de empregos, os benefícios para a comunidade do entorno da planta. Trata-se de um critério qualitativo, pois estes benefícios não são medidos unicamente em valores monetários, havendo também uma valoração subjetiva.
O critério Contribuição para a Marca considera que os produtos que podem ser gerados través de cada um dos projetos não tem importância unicamente financeira. Um produto que se torne uma referência no mercado gerará benefícios para a Marca como um todo. No entanto, este também é um critério subjetivo, de caráter portanto qualitativo.
O critério Conteúdo Local é um compromisso que a empresa tem para com o país, no sentido de buscar incentivar a indústria local. Trata-se de um Valor da Empresa, porém também de avaliação subjetiva, sendo também qualitativo.
Já o critério VPL (Valor Presente Líquido) mede o retorno financeiro que cada novo projeto pode trazer para a Empresa, sendo portanto um critério claramente Quantitativo.
Para compararmos os critérios, usamos a tabela abaixo:
Valores intermediários podem ser usados.
Com relação ao critério de Sustentabilidade, o Comitê Decisor tem a seguinte percepção:
O Projeto 1 é 4 vezes mais importante que o Projeto 2.
O Projeto 2 é 3 vezes mais importante que o Projeto 3.
O Projeto 1 é 8 vezes mais importante que o Projeto 3.
Note que a rigor há uma inconsistência matemática: o Projeto 1 deveria ser 12 (4 x 3) vezes mais importante que o Projeto 3. Porém, como estamos lidando com variáveis qualitativas, podemos desconsiderar este fato. Evidentemente, apesar de não precisarmos seguir os valores matemáticos, há que se manter coerência. Não teria sentido afirmar, por exemplo, que o Projeto 1 é igualmente importante ao Projeto 3.
Podemos então montar uma Matriz comparando os 3 projetos em relação ao quesito Sustentabilidade, tal como se segue, colocando as relativas importância e seus recíprocos (se o Projeto 1 é 4 vezes mais importante que o Projeto 2, o Projeto 2 tem 1/4 da importância do Projeto 1):
Iremos agora obter o chamado vetor de Eigen. Para tanto, iremos acrescentar uma coluna com a média geométrica dos valores computados em cada linha (como são três valores, será a raíz cúbica do produto dos três valores). Na próxima coluna, iremos ponderar os três valores obtidos em relação ao total, ou seja, obter os percentuais de cada atributo com relação ao quesito Sustentabilidade:
Observação: a rigor, deveria ser feito um teste de Inconsistência, para checar a convergência de valores. Iremos, por simplificação, omitir este passo aqui. Os softwares disponíveis para realizar o método AHP realizam este teste de inconsistência.
Com relação ao critério de Contribuição para a Marca, o Comitê Decisor tem a seguinte percepção:
O Projeto 2 é 5 vezes mais importante que o Projeto 1.
O Projeto 2 é 2 vezes mais importante que o Projeto 3.
O Projeto 3 é 2 vezes mais importante que o projeto 1.
Fazendo o mesmo procedimento para obter o vetor de Eigen (vetor da prioridade relativa), teremos:
Prosseguindo, com relação ao critério de Conteúdo Local, o Comitê Decisor tem a seguinte percepção:
O Projeto 2 é 2 vezes mais importante que o Projeto 1.
O Projeto 3 é 3 vezes mais importante que o Projeto 2.
O Projeto 3 é 5 vezes mais importante que o projeto 1.
E portanto, teremos o seguinte vetor de prioridades:
No que concerne ao VPL (Valor Presente Líquido), os estudos realizados apontam que o:
Projeto 1 tem um VPL = US$ 45 MM
Projeto 2 tem um VPL = US$ 60 MM
Projeto 3 tem um VPL = US$ 35 MM
Neste caso, as comparações são matemáticas, pois trata-se de um critério claramente quantitativo:
A Parte 2 será publicada em breve, mostrando como conjugar as prioridades de cada projeto com relação aos critérios, com a priorização entre os critérios. Para ser informado da publicação da Parte 2, cadastre seu e-mail no topo do Blogtek, à direita. Seu e-mail não será usado por terceiros.
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