Explosão de caldeira – Exxon (Singapura)
Explosão de Caldeira (Exxon – Singapura): temos visto aqui no Blogtek diversos relatos de acidentes industriais, no intuito de poder absorver as lições aprendidas e evitar ocorrências similares futuras. Infelizmente, nem sempre as lições aprendidas são aplicadas: o desabamento de Pemberton Mill (leia em Blogtek Acidentes industriais do passado – parte 1) causado por deficiências na construção e sobrecarga de máquinas e equipamentos repetiu-se de forma ainda mais trágica em 2013, na cidade de Savar, na Índia (leia aqui). Se você quiser ser notificado dos próximos artigos, cadastre seu e-mail aqui abaixo, em Assine o Blogtek! SEU E-MAIL NÃO SERÁ USADO POR TERCEIROS.
Explosão de Caldeira – contextualização
Contrastando com a falta de maiores detalhes em muitos acidentes do passado, o episódio da explosão da caldeira da Exxon, em Singapura, em 2000, nos permite uma análise mais detalhada das causas básicas que levaram a este acidente.
Fonte: http://pt.slideshare.net/RadhaKrishna32/boiler-explosion-at-exxon-mobil-singapore
Esta caldeira era uma caldeira aquatubular, com economizador e superaquecedor, com superfície total de aquecimento de 205 m², com pressão de projeto de 12.000 kPa e produzia 160 toneladas de vapor por hora.
Seus queimadores tinham um sistema de injeção que permitia a queima de até 8 tipos diferentes de combustível, e a caldeira tinha duas PSV’s (válvulas de segurança – Pressure Safety Valve) no vaso de vapor e uma PSV no superaquecedor.

Explosão de caldeira – caldeira antes da explosão
Explosão de Caldeira – esquema de acendimento
A linha de gás combustível possuía duas XV’s (válvulas de trip) em série, cada uma com “by pass”, e um vent para a atmosfera que abria sob intertravamento, em caso de trip. Os by-passes deveriam estar travados na posição fechada, com lacre. O uso destes “by passes” somente poderia ser feito com autorização expressa formal superior (esta é uma prática comum, e adequada: inibe o desvio de procedimentos). As válvulas de trip estavam conectadas a um sistema de detecção de falha de chama, ou seja, caso não haja o acendimento, as válvulas bloqueiam o fornecimento de gás. Muitos fornos domésticos têm esquemas similares, embora menos sofisticados: para acender o forno, o usuário tem que manter premido o botão da válvula de admissão. Caso ele solte este botão sem que o forno tenha acendido, o fornecimento de gás é interrompido.
A linha de gás possuía também uma estação de controle com uma válvula controladora de fluxo (FCV) com válvulas de bloqueio a montante e a jusante, e uma FCV menor em paralelo para o acendimento. Mais uma vez aqui, temos algo similar no uso doméstico: quando acendemos o aquecedor a gás para o chuveiro, acendemos primeiro o piloto. Quando a água circula, é que é aberta a plena vazão de gás.

Explosão de caldeira – esquema correto de acendimento
Explosão de Caldeira – descrição do evento
Durante o turno noturno de 9 de dezembro de 2000, três pessoas estavam tentando partir novamente (restart) a caldeira, quando ocorreu a explosão no interior da caldeira. Duas destas pessoas morreram no hospital.
A caldeira estava operando com GLP (gás liquefeito de petróleo), quando foi dada a ordem para acender os queimadores de diesel da caldeira. Os três operadores estavam tentando acender a caldeira desde 00:30, sem êxito. Às 02:20, em mais uma tentativa, tentaram acender os queimadores de diesel, porém a caldeira sofreu um trip e apagou. Tentaram então acendê-la novamente com GLP, e aí a explosão ocorreu.

Explosão de caldeira – vista pós explosão1

Explosão de caldeira – vista pós explosão2
Mais uma vez, temos um similar doméstico: se nosso forno se apaga, devemos abrir a porta do forno e deixar ventilar, antes de tentar acendê-lo novamente, pois há superfícies quentes, e, principalmente com gás, há a possibilidade acúmulo e súbita ignição, gerando uma explosão.
Explosão de Caldeira – análise do evento
Investigações posteriores ao acidente evidenciaram que a equipe de partida teve dificuldades para o acendimento da caldeira com GLP anteriormente, e improvisaram um método de by pass manual, o qual não constava dos procedimentos operacionais.
A análise demonstrou que as duas válvulas de by pass das XV’s estavam 50% abertas, ou seja, ainda que as XV’s fechassem por falha de acendimento, o gás continuaria a passar pelo by pass.
As válvulas de bloqueio a montante e a jusante da válvula principal (FCV) estavam 100% abertas, e esta FCV estava 66% aberta, o que permitiu a entrada de grande quantidade de gás na caldeira, o que permitiu a explosão.

Explosão de caldeira – esquema de acendimento utilizado
Explosão de Caldeira – causas do evento
Todos os operadores tinham passado por um treinamento de 8 meses, o qual incluía treinamento em SMS. Os dois operadores mortos eram operadores de processo, não eram certificados para operação de caldeiras. O operador sobrevivente, apesar de certificado como operador de caldeira, relatou ter medo do processo de by pass, e que este já vinha sendo empregado há alguns dias, e relatou ter o sentimento de que o treinamento que lhe foi dado era insuficiente para operar a caldeira.
- Não cumprimento de procedimentos
- Uso de método não autorizado de by pass
- Remoção do lacre de segurança das válvulas de by pass
Estaremos sempre publicando artigos sobre Segurança Industrial, Gestão da Manutenção, Gerenciamento de Projetos, e tópicos diversos sobre Liderança e Gestão. Se você quiser ser notificado dos próximos artigos, cadastre seu e-mail aqui abaixo, em Assine o Blogtek! SEU E-MAIL NÃO SERÁ USADO POR TERCEIROS.
Incoming search terms:
- videos de explosão decaldeiras
- ameaças e fraquezas swot exemplos
- explosao de caldeira
- exxon singapura 2000
- espozau decaldeira
- esprosao de caldeira
- explosao de caldeira exxon
- explosão de caldeira impactos
- explosao de caldeira porque demora a acender
- Exxon Mobil acidente caldeira singapura
Clique aqui e cadastre-se para receber uma notificação por email sempre que um novo artigo for postado
Seu email não será utilizado por terceiros nem para envio de spam.